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Coimbra, Portugal
2004
Câmara Municipal de Coimbra

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 Observando o carácter do povoamento existente e a volumetria da edificação da zona de intervenção, o lote no qual se localiza o projecto sugere a adopção de uma tipologia arquitectónica capaz de construir frentes urbanas que consolidem uma imagem que na actualidade se apresenta fortemente fragmentada.

A prevalente exposição Norte-sul do eixo maior e a presença da infra-estrutura viária constituída pela Avenida Mendes da Silva sugeriu uma tipologia que caracterizasse duas situações contrapostas: uma visível à escala urbana e à velocidade da observação desde o automóvel e uma à escala do peão com uma relação privilegiada com o edifício.

Em especial a definição volumétrica do Conservatório define-se a partir da construção de um paralelepípedo apoiado e afundado no terreno que encontra as suas relações através de operações de escavação, de abertura de eixos visuais e articulações entre funções e materiais.

A inclusão da torre da cena no interior do volume paralelipipédico do Conservatório constitui-se como uma opção arquitectónica finalizada à contenção formal numa lógica de simplificação geométrica da forma urbana. Uma escolha de carácter urbano contraposta a uma excepção espacial interna marcada pela articulação da torre cénica no seu contacto com os diferentes pisos.

A entrada do público aberta para a Avenida Mendes Silva caracteriza-se por um grande plano inclinado que se torna mais imponente pela acentuação da fissura rampeada e aberta abaixo do piso 0.

Uma porta à escala urbana que estabelece uma relação directa com o novo espaço pedonal que se realiza com o fecho da rua Garcia da Horta.

Uma relação reforçada por pela construção da pequena ponte de peões pensada como um objecto escultural estabelece a continuidade urbana com o lado oposto da avenida Mendes Silva, permitindo uma melhor optimização do uso do jardim existente, dos espaços do parque de estacionamento e um uso mais intenso dos vários edifícios de carácter público.

Uma grande janela no ângulo virado para o Mondego estabelece uma deformação que corresponde à rotunda e ao mesmo tempo estabelece uma relação de excepção para a sala de órgão e orquestra aí localizada.

No lado Norte a fissura rampeada, permite entradas de serviço para o compartimento técnico e para os funcionários, garantido uma saída de serviço e de emergência paralela aos palcos dos dois auditórios.

A Sul na fissura proporcionada pelo pátio que entra no volume prismático, as paredes de vidro constituem uma situação de interior/exterior, determinando uma forte transparência onde a reflexão dos elementos colocados no exterior produz uma especial forma de integração espacial com a envolvente.

A necessidade de uma dimensão com escala urbana induziu a realizar sobre os lados visíveis da Avenida, fachadas aparentemente fechadas com a perspectiva de construir um sinal forte sobre o território. Uma atitude que conjuntamente com a necessidade de uma reordenação formal da área pretende limitar o impacto do trânsito em termos acústicos e os efeitos de uma exposição solar poço favorável.

O lado Sul fortemente marcado pela Oficina Municipal do Teatro, é caracterizado pela acessibilidade pedonal que se configura como um momento de construção de um espaço público acentuado pela realização de um grande pátio envidraçado que, no jogo de reflexos e de transparências estabelece novas relações com a envolvente. Este espaço constitui-se como a entrada dos alunos do Conservatório, estabelecendo uma relação privilegiada com a Escola Secundária do Vale das Flores e articulando os espaços interiores através de um átrio para o qual se abrem todos os pisos acima da cota do Largo do Conservatório.

As perfurações sobre a superfície das fachadas além de fornecerem uma iluminação controlada aos espaços interiores, através de uma articulada disposição geométrica, evocam a imagem dos relevos das caixinhas de música que todos temos na memória.

A cobertura funciona paralelamente como apoio aos painéis fotovoltaicos e solares e como lastro ajardinado numa lógica de introdução de formas alternativas à maciça destruição da matéria vegetal do território das cidades, procurando propor alternativas de integração com o território. Este sistema garante também o conforto térmico do edifício minimizando o recurso a sistemas energéticos.

 

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL

As diferentes funções articulam-se em seis pisos e caracterizam-se pelas diferentes exigências do programa e pelos objectivos arquitectónicos da proposta projectual.

Uma acessibilidade diferenciada permite a utilização autónoma das várias funções do edifício e evitando o constante e oneroso sistema de manutenção.

O piso -2, à cota mais baixa é destinado a parque de estacionamento garantindo um serviço de cargas e descargas directas para o fosso do palco.

O piso -1 contém todos os serviços sanitários, balneários e camarins de apoio às diferentes funções que se estabelecem no edifício.

O piso 0 articula-se em dois níveis com o objectivo de absorver o desnível existente no terreno e em paralelo garantir duas entradas capazes de garantir o funcionamento autónomo do auditório grande para uso exclusivo do Público em paralelo com o normal funcionamento do Conservatório. Neste piso são privilegiados os acessos aos auditórios, aos serviços administrativos e aos espaços de convívio.

A estrutura do espaço do piso 0 garante o funcionamento autónomo dos dois auditórios permitindo, através de um sistema de portadas de correr, o encerramento completo dos espaços que servem o auditório grande. Um conjunto de rampas de escadas, permitem a subida do público à biblioteca do conservatório através de um circuito autónomo dos estudantes. A variedade de acessos a cotas diferenciadas permite uma clara distinção entre zonas do público, zona dos funcionários, estudantes e artistas.

Os espaços didácticos estão localizados nos pisos superiores.